quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Dele ficou o sorriso em
minha memória, o som absurdo que a gargalhada dele trazia, ficou o modo
como os olhos iam apertando quando jurava que não tinha bebido demais,
ficou o cheiro no travesseiro que ele deixou. Dele ficou a caneca no
canto do armário e aquela mania de sempre colocar bolacha no carrinho de
compras, ficou a camisa velha jogada na gaveta como se não fosse
importante. Ficou aquela letra de fôrma no cantinho da parede da varanda
onde ele escreveu pra não esquecer ” Lembrar mais das coisas”, talvez
seja isso, minha mania de lembrar demais e de ir achando as partes dele
que ficaram, como ficou todas as músicas, mesmo que os cds não estejam
mais aqui, como ficou na minha mente a voz dele sussurrando “minha”.
Dele ficou principalmente isso, a certeza de que eu sou dele, quando não
se existem mais esperanças em nada.
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